Desde o episodio de Friends, em que descobrimos que Joey
coloca sua copia do livro "O Iluminado" no freezer, a gente adotou a expressão “livro
de geladeira”. O que isso significa?
Quando um livro nos afeta de uma maneira positiva ou não, que faz a gente
sofrer... O que a gente fala? Posso
colocar o livrinho na geladeira? E A Visita Cruel do Tempo, sem duvidas frequentou
a minha.
Lançado em 2011 e vencedor do cobiçado prêmio Pulitzer, A
Visita Cruel do Tempo, é sem duvida, uma grande obra da literatura adulta. O
livro reúne histórias de personagens entre a década de 70 e o final da atual
formando uma teia entre eles e traz como plano de fundo uma nem tão glamurosa indústria
musical.
Seria um erro tentar resumir a
intrincada trama de A visita cruel do tempo numa resenha, mas convém situar alguns
marcos temporais. O “primeiro” fica nos anos 1970 em que o quarentão Lou, produtor
musical de sucesso, usuário de drogas e altamente sedutor, aparece ao longo de
dois capítulos-contos num safári na África (provavelmente a história menos
bem-sucedida do livro) e esbarrando, por meio de uma nova conquista amorosa
adolescente, com uma turma de jovens punks de São Francisco, já no limiar dos
1980. Dessa galera fazem parte Bennie, sucessor de
Lou e destinado a comandar indústria musical até cair devido poder da era
digital; e Scotty, um guitarrista brilhante, maluco e fracassado que se tornará
um improvável ídolo dos bebês – o novo público-alvo do pop, numa piada que só
pode ser chamada de genial, no futuro agridoce em que o livro termina em algum
momento depois de 2020.
O livro gira em torno da passagem
do tempo e de como somos afetados por ele, como nossos sonhos morrem, como
deixamos de ser o que éramos e nos tornamos pessoas diferentes, como a vida dá
voltas inesperadas e quando menos imaginamos seguimos em frente e descobrimos
novas prioridades que podem justificar tal mudança do rumo do tempo. Cruel, como
diz o título e que nos faz seguir em frente.
Com capítulos que prendem o
leitor e nos deixa curiosos para saber o desfecho de cada personagem, Jennifer
Egan apresenta um livro com texto impecável e muito bem amarrado. Cada capítulo,
cada personagem – ora principal, ora coadjuvante – formam um cenário maior, que
mostra a passagem dos anos para cada um deles, suas histórias e o que levou
cada um para onde está e as situações que influenciaram para que chegassem
naquele determinado momento.
Embora não seja um exclusivo
romance rock, as citações incendeiam as paginas que vão de ícones do punk como
The Cramps e Black Flag a grupos mais darks como The Sleepers e Crime. A canção
tema do livro fica por conta de Iggy Pop e seu hino “The Passenger”, uma das
canções que inspiraram a autora em suas horas de escrita.
O power point do trabalho escolar de Alison.
O livro vale à pena e precisa ser
lido. Além de divertir e emocionar faz com que a gente olhe para o lado e nos
questiona se é realmente isso que queríamos ser. Nos faz pensar em qual momento
podemos mudar o rumo do tempo. E se é que isso é possível. Afinal das contas “o
tempo não para”.
xoxo
B
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